quinta-feira, 7 de julho de 2011

Por trás dos conflitos

Leão Serva, editor do jornal Último Segundo, discute sobre como os acontecimentos durante a guerra podem ganhar noticiabilidade, além de seu ponto de vista sobre suas experiências dentro dos conflitos, o poder da imprensa em suas coberturas e como a tecnologia interfere nos processos de produção jornalística.

Por: Leandro Massoni Ilhéu


Como fazer uma cobertura durante uma guerra? Foi uma das perguntas que o jornalista Leão Serva prefere não discutir. Autor do livro “Jornalismo e Desinformação”, afirma que as coberturas feitas pela imprensa durante os conflitos podem não ser totalmente verdadeiras, sem discussões de opinião entre os órgãos. Sendo citado o caso de demissão do jornalista Peter Arnett da NBC, por ter contado a “verdade”, segundo O Estado de S. Paulo. O papel desempenhado pela imprensa brasileira e internacional vem sendo visto de forma tradicional, mas não há o engajamento e o comprometimento como alegado.

Ao fazer uma análise sobre o atendimento médico, considerado “frio”, Serva diz que o jornalista deve exercer frieza quando deparado com casos de mortes, mas que não necessariamente, seja uma pessoa sem sentimentos. Alguns fatores psicológicos que os próprios soldados dentro de uma guerra passam interferem em seu sistema nervoso, vivendo traumas pelas cenas sofridas. Mas para a opinião do jornalista, apenas lhe acrescentou a valorização para aquilo que seja mais importante ou não em sua vida.

Questionado sobre sua teoria escrita em seu livro em relação a deformação da informação e o que afetaria na submissão de informações para o povo americano, Serva afirma que esse conceito não faz parte da manipulação explícita, realizada pelos comandos militares, mas a população fica anestesiada a opinião pública, evitando reações contra a guerra. A longevidade de um fato também foi apontada em sua obra, quando depois de muito tempo, ela acaba deixando de ser notícia.

Fazendo uma comparação com as coberturas realizadas pelo Al-Jazeera e a CNN, Serva diz que a imprensa árabe apenas faz uma cobertura copiando os modelos da rival, mas sendo vista de uma forma mais interessante, reveladora e engajada. No final, o jornalista ainda falou sobre a questão do desrespeito dos EUA com o Conselho de Segurança, ressaltando que a ONU ainda continuará intervindo nos conflitos, mas sem o mesmo carisma de credibilidade que a entidade possuía anteriormente.

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