O futebol brasileiro cada vez nos deixa intrigado, confuso,
e ao mesmo tempo, eufóricos e extravagantes ao extremo. Nesses últimos meses
que antecedem a chegada de um novo ano, tivemos (nós, paulistas) a felicidade
de sermos contemplados com as conquistas de Corinthians, Palmeiras e Santos. O primeiro,
que levantou o sexto título do Campeonato Brasileiro, jogando um futebol
invejável e quase impecável. Foram 81 pontos conquistados até a reta final do
torneio. Na minha opinião, ninguém jogou mais do que o time de Parque São Jorge
neste e nos anos anteriores, quando o campeonato começou a ser disputado por
pontos corridos.
O segundo, por sua vez, trouxe uma verdadeira “penca” de
jogadores. Muitos, inclusive, alternaram bons e péssimos momentos com a camisa
alviverde. Outros, da desconfiança, pularam para o protagonismo de forma
imediata após a conquista da Copa do Brasil, a terceira vencida pelo Verdão, em
uma final de tirar o fôlego e o coração da boca de torcedores palestrinos e
santistas. O Santos que já foi de Pelé, Robinho e Neymar, que assim como no
título paulista deste ano (em cima do próprio algoz Palmeiras) fez uma
excelente campanha, não tenho dúvidas. Tem um time jovem e consistente, mas o
que prevaleceu foi o fator casa do Palmeiras, que assim, em uma de disputa de pênaltis
inédita em uma final deste campeonato, conseguiu se sobressair (graças a Prass,
defendendo e cobrando o último arremate ao gol adversário).
Contudo, há uma pergunta que devemos nos fazer: qual foi o
título mais épico ou dramático conquistado este ano pelos paulistas? O Santos,
que conseguiu o seu 21º caneco estadual, o Corinthians, que venceu o
Brasileirão com extensa folga, ou o Palmeiras, que na raça e no sofrimento do
início ao fim, conquistou a Copa do Brasil?
Difícil. Essa é a palavra que veio na minha cabeça hoje pela
manhã. Após a última rodada do campeonato nacional, analisei meio que por cima
o desempenho de cada um. O Timão, líder e campeão, indiscutivelmente, foi o
melhor. O Santos largou o torneio em busca da vaga à Libertadores via Copa do
Brasil, e o Palmeiras fez o mesmo, porém, há ainda a questão de que o time
vinha capengando nos últimos jogos, sofrendo derrotas e gols bobos e sem
explicações. O São Paulo, bem, está de parabéns, pois havia conseguido seu
objetivo de se classificar (pelo menos na fase “pré”) à competição continental.
Pois é, então, se por acaso eu fosse perguntado por um amigo
ou outra pessoa qualquer sobre qual teria sido a “melhor conquista” pelos
paulistas, diria na seguinte escala: primeira,
seria a do Palmeiras, uma vez que uma agremiação, que tivera passado sufoco ano
passado com o risco de cair pela terceira vez à Segunda Divisão Nacional, e que
no ano seguinte, com diversos apoios financeiros (Prevent Senior, Crefisa e
Faculdades das Américas (FAM)), mais um elenco recheado de novas caras, e ainda
sem muito entrosamento (o que foi visível até o final deste ano), reverteu toda
a desconfiança por parte da torcida e dos críticos em um título que coroou de
vez o trabalho de Marcelo Oliveira e Paulo Nobre, principal responsável pela transformação
alviverde.
Em segundo, o Santos, que já tivera anunciado no ano passado
de que o time passaria for reformas e que não haveria contratações de grande
peso para o ano seguinte, revelou-se um excelente esquadrão formado pela
garotada da base e assim, celebra ainda no primeiro semestre de 2015 o
Campeonato Paulista, vencido em casa diante do rival de Parque Antártica nos pênaltis.
E apesar de não ter conquistado o segundo importante torneio nacional e a vaga
à Libertadores, o ano seguinte ainda há de ser próspero aos meninos da Vila
Belmiro comandados por Dorival Júnior e o artilheiro-pastor Ricardo Oliveira.
Em terceiro, o Corinthians, que em comparação aos anos
anteriores, mostrou um futebol mais técnico, voraz, entusiasmante e sem igual.
Deixou de ser o time do “empate fora de casa está de bom tamanho”, “um a zero é
goleada”, para ser a equipe de melhor rendimento desde quando o Campeonato
Brasileiro adotou a forma europeia de pontos corridos. Mas também, com um
elenco que joga junto há quase três anos, com um técnico consagrado como o Tite
e que conhece tão bem o alvinegro quanto os presidentes anteriores da agremiação
alvinegra, e peças que vieram sob olhar de desconfiança – Vagner Love, por
exemplo – para substituir “medalhões” quase insubstituíveis como Guerrero – que
atualmente vive incertezas no lado da Gávea, jogando pelo Flamengo –, que
provaram ser melhores do que a encomenda. O título veio com tamanha
antecedência, faltando quatro rodadas para o final da competição. Mas o esboço
de reação que começou na 18ª rodada, logo se transformou na coroação de toda
uma equipe disciplinada dentro de campo.
E o São Paulo? Bom, volto a dizer: parabéns pela conquista
da vaga à Pré-Libertadores. Mais sorte para o ano que vem, ok?